Nadavy: "O talento dos escritores da minha geração faz-me crer que o futuro da literatura angolana está bem entregue"

Nahary David, de pseudônimo literário Nadavy, nasceu no Kinaxixi, em Luanda, aos 2 de Junho de 1998. Com a licenciatura à vista, Nadavy cursou Psicologia do Trabalho e das Organizações pela UCAN - Universidade Católica de Angola. 

Nadavy começou a sua relação intensa com a literatura em 2013, após uma amiga a ter recomendado a plataforma Wattpad, uma biblioteca virtual pela qual baixava os livros e os lia até 2015, ano em que decidiu virar o jogo, ou seja, sair das vestes de uma simples leitora para uma escritora em ascensão no mercado nacional. 

Autora do livro "Nossas Diferentes Semelhanças" , publicado em 2020, a jovem escritora falou em entrevista exclusiva ao Cison Press sobre a experiência de ter escrito a mencionada obra, e sobre outros assuntos que marcam até agora o seu percurso literário.

Como foi para si escrever o livro "Nossas Diferentes Semelhanças"?

Quando comecei a escrever, senti uma liberdade que antes nunca tinha experimentado. Percebi que posso criar ou deixar de criar conforme eu bem quiser ou entender. Portanto, este livro passou por tantas transformações que ao chegar onde chegou, às vezes, nem acredito que eu o escrevi, principalmente, pelo feedback e recepção dos leitores que compraram a obra.

Contou com o contributo de alguém da família durante o processo criativo da obra?

Na minha família ninguém sabia da existência deste livro, tinha feito dele um segredo. Eu acho que eu era o Batman da minha casa (risos), porque ninguém sabia que eu escrevia. A minha mãe foi a primeira pessoa da minha casa a descobrir porque me via entusiasmada a escrever, e eu passava horas a fio só a escrever l, mas sempre com entusiasmo a flor da pele.

Porque escrever romance, ainda mais um romance de cortar o fôlego?

Olha, eu só descobri que escrevi romance muito tempo depois de ter escrito, eu nem tinha noção de como eu podia estruturar o texto, qual seria o gênero literário. Portanto, só mais tarde é que me apercebi que escrevi romance, e agora sim, assumo que estou mais inclinada no romance, mas isso não quer dizer que eu não vá experimentar outros géneros Literários.

O primeiro volume do "NDS" tem muitas páginas, isso quer dizer que a criatividade está em alta...

Eu sinto que nunca vou conseguir dar o suficiente escrevendo pouco. Eu fico sempre com essa sensação. E embora o "Nossas Diferentes Semelhanças" seja o primeiro livro publicado, ele não é a única história que escrevi até agora, portanto, estou a desenvolver outras histórias com outras situações e sinto que só um pouco nunca vai chegar.


Uma pergunta que até agora não se cala: Porque do título "Nossas Diferentes Semelhanças"?

Porque independentemente de sermos diferentes uns aos outros, temos sempre uma coisa que nos torna similares. Nós choramos, sentimos, sonhamos, e apesar de sermos diferentes, acabamos de nos complementar de alguma forma.

Como olha para a literatura angolana feita actualmente pelos jovens da sua geração?

Nós temos muitos talentos. No mundo da literatura angolana encontrei mais apoio do que propriamente competição. Por exemplo, a Alusapo, que é também escritora, publicitou o lançamento do meu livro mesmo sem antes eu conhecê-la. Temos bons escritores nesta geração, e acredito que assim que terminar a saga dos nossos adultos, a literatura angolana vai estar a salva.

Maior desejo na literatura e no mundo das artes?

O meu maior desejo é sair dos livros e ir para televisão, gostaria tanto que a minha criatividade fosse vista ao ponto de chegar à televisão. Embora a adaptação da história de um livro para filme não é 100% fiel, mas as minhas obras  podem ser adaptadas em filmes, novelas ou series, e caso eu seja a roteirista, também topo (risos).


Texto: Narciso Drake

Imagem: Nadavy (Arquivos)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Os artistas deveriam contactar um jurista, antes de assinar um contrato por causa das cláusulas abusivas", aconselha jurista Edmilson Bento

Danilo Castro: "Eu sou um jovem angolano a tentar deixar a sua marca"

Déborah Cardoso Ribas: "O meu maior anseio na literatura é auxiliar as pessoas a escreverem livros dignos de um prêmio"